sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ode À loucura humana

No alto do morro passarinhos derrapavam, nem viram o gatinho esconder toda a bagaça, que por dentro da cabaça aninhou-se e faleceu.

Pudera, afinal ratazana na calça alheia coça só mesmo de olhar, e entre mordidas e guinchos foi buscar a bicicleta, que no quadro quase reta não anda somente desanda.

Pedalinho nunca mais, bradaste ao meio dia, como se ao mundo dizia com uma baita dor na coluna e cabeça cheia de nó que nem em pingo d´agua se dá, por causa do pacotinho que ficou la no terreiro homem bravo se encolheu e boa-vida lamuriou.

Afagaste o cair da tarde no celeiro das doninhas, cogumelos se partiram por entre os carcamanos, com gestos tão desumanos que assustam em rima e prosa, e abastam da colheita o sal que semeia a terra findando mais um pedaço esterelizado dessa vida.

Mordiscada a semente de tão breve infortunio, que riem num mesmo lamento e choram no riso louco e tão breve e por tão pouco barulhinho logo esvai.

Palavras colhidas ao vento diminuem meu tormento por longe da coisa estar, brilhantismo quase opaco que arranca os tufos e os nacos de enxame de cardumes que não existe, existirá.

Em paroulas sem sentidos, em breves rimos fluidos de mente nem sempre sã, esbravejo estas linhas que nunca serão mesquinhas mas quase que indecifraveis, nem tampouco são afaveis a quem arrisca prescurtar.

O lamento enfim se esvai e a navalha que cai, a cortar o tal gatinho, que fez da cabaça o ninho, sepulto de quem se foi.

Insana é a semente de toda essa gente que vive desmantelada, rindo sempre por rir, ceticismo do universo, tão insano quanto o verso que nunca fora escrito, e que enfim admito, brotou como erva daninha, debaixo de uma sombrinha de pura malucolência, que sempre vai dar sequencia a viagens solitárias.

E acabou.

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